UM INDÍCIO DO AMANHÃ


 


É importante que não sejamos apressados, a vida acontece no seu próprio rumo. Mas ainda não sei evitar as palpitações desenfreadas dentro do meu peito. Existem coisas nas raízes dos nossos corações que gosto de manter para mim, e essa é uma delas. Mas apenas imagine um coração gritando de dentro para fora dentro de um corpo de porcelana debaixo do sol— prestes a explodir. Sou mais do que uma mulher, sou a beira do mar e o teu canto. E são nesses momentos inconscientes, quando estamos prestes a explodir que precisamos parar. Não fazer nada por uma tarde, ou, no meu caso— ando encontrando um conforto novo nos braços gentis da vida. E entenda isso como quiser, mas acho que a vida pode se materializar na nossa frente— as vezes em um bar, um par de olhos famintos por poesia e apaixonados por tudo ao seu redor. Acho que essa é a minha forma favorita de conforto, mas, andei rindo alto debaixo das árvores de novo. Andei correndo mais rápido que o meu coração e não sei quando, mas sei que eventualmente irei bater com a cara no muro e vou ter que parar. Mas, queria ter a promessa de sua alma ali, perto de mim, quando eventualmente tudo voltar a ser grandioso demais em corpos pequenos e vice e versa.

Acordei com a visita de um indício do amanhã ao lado da minha xícara de chá. Suas patinhas corriam do sol e procuravam a minha porta. Pode não ser grandioso, pode ser apenas uma mera coincidência que carreguei do parque até o meu casulo, mas, tudo fica tão vazio quando não se procura significado— gosto de olhar para essa lagarta e pensar que é um indício da vida renascendo em nós, de um tipo de trégua. Acho que veremos algo lindo nascendo nestes últimos meses. Acho que jamais verei mariposas ou borboletas da mesma forma. Esses pequeninos costumam me seguir para todos os lados, e sei que toda vez que elas aparecem é por estar nos caminhos que deveria estar. Gosto de pensar que não somos um acaso, somos algum tipo de destino moldado pelos nossos próprios dedos— não por espíritos que não nos conhecem, mas pelos seus olhos cuidadosos e pelas minhas palavras sempre mais ágeis que a minha lógica. Existe algo bonito crescendo, e eu acho que posso apoiar esses sentimentos no teu ombro.

“que o meu coração esteja sempre aberto

às pequenas aves que são os segredos da vida”

— e.e. Cummings

 

Andei listando todas as coisas que amo quando pulo pelas ruas— gosto dos craquelados no concreto e amo o musgo entre as rupturas. Amo ver primeiros amores se encontrando e se transformando em uma bola de vergonha ao andarem de mãos dadas. Gosto das bancas e amo postos de gasolina. Mas, acima de tudo, eu amo, eu adoro, eu me afogo na idealização dos meus caminhos cruzando os teus. Acredito na lei da atração, mas talvez eu passe dos limites pois penso que se pensar muito em ti no meio das coisas que mais amo observar pelos dias simplórios acabaria nos teus olhos, no final dessa rua, no final da próxima, na esquina ao lado— sempre desaguo em ti. Andei fazendo listas e andei perdendo medos. Acho que essa foi a minha última onda de tristezas do ano, acho que sou “adulta de verdade” e banco a minha alma com fulgor. E ando te escrevendo poucas palavras pois posso falar perto dos seus olhos sem medo. Sem medo. Sem medo. Sem medo. Descaradamente desembolando frases sem nexo, mas com muito sentimento e homenageando a tua alma— sem medo.



 

Amo quando sei que começo a amar alguém, pois começo a pensar em café da manhã

E na luz do sol. Gosto de cozinhar para quem amo— eu amo cozinhar.

Amo poder falar com estranhos no metrô e saber que eles sorriam naquele dia diante dos meus olhos.

Amo poder fazer listas sem sentido.

Amo não ter mais medo de falar, ou receio de esconder. O que sou é o que sou, o que somos é o que sempre seremos e o que quer que você seja é lindo, e eterno, e humano, e verídico e honesto— acima de tudo.

Amo poder escutar o som das datilógrafas e suas teclas frágeis— eu juro, um dia vou te escrever uma carta com teclas de vidro alemãs com mais de cem anos de vida.

Acima de tudo, eu amo conhecer a possiblidade da fricção de algo bonito. Acho que é por isso que eu sinto que posso amar— a faísca, e os insetos, e o vento, e os dias frios, e as xícaras de chá. E os seus olhos, e as nossas palavras, e todo esse alvoroço sem nexo— existe algo novo nascendo/borbulhando, mas não sei te explicar ainda, não muito bem. Mas, o inexplicável é lindo, e amo isso. Acho que quero te fazer um café da manhã, e quero escutar suas músicas, e acho que dou espaço demais para os insetos na minha alma, mas eles cantam lá fora e eu canto aqui dentro, e por mais que não cante mais para os olhos alheios, não tem como— o melhor a se fazer é abrir as janelas e observar o tempo passando. Sonhar de olhos abertos, e se entender momentânea e eterno ao mesmo tempo— de alguma forma. E eu amo isso.  .    .    .    .    .

Algumas coisas são melhores ditas em voz alta, não nos polpe de palavras sinceras tão cheias de alma. Escreva sempre e fale mais ainda. Existe algo de novo nascendo entre os nossos dedos e posso te prometer que é duradouro, e que somos eternos. Eu e você e todos os outros. Não tenha medo de se entender humano nesses fins e inícios e meios (por mais que o meio/o atual/o presente seja uma grande farsa, mas, não sei te explicar isso sem soar mística.), o melado da alma— amor. Com dentes arredondados e olhos doloridos pela história—    . 

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