HIENAS
Um animal faminto
Sempre irá usufruir
De toda a carne morta,
De todos os ossos que você deixar cair.
Já que o animal faminto
Tem de fluir
Contra o tempo —
Contra seus olhos, e o seu desejo.
Todo ser que está faminto
Não deseja comida
Deseja a si mesmo.
E, tudo aquilo que não lhe serve,
Não te apetece
É um banquete —
Para aqueles que nunca tiveram
Casas lotadas,
E veias não coaguladas
Do peso das almas
Que te rodeiam.
Toda a fome que eu tenho
É por algo que eu não compreendo.
Todo grunhido dentro de mim
É mais um pedido
Para você abaixar suas garras,
Guardar suas presas,
E cuidar de mim —
Como se fosse de sua ninhada.
Mas, você jamais vai olhar para meus olhos
Sem a intenção de ver sua fome, sem a intenção de me devorar por sede.
Sede por aquilo que dentro de você nunca viveu.
Tudo que você pariu
Nasceu morto —
E tudo aquilo que eu sou
São os ossos daqueles que não aguentaram
Suas palavras afiadas.
Então,
me deixe caçar meus ossos,
Enquanto você se espreita nas árvores —
Buscando uma brecha
Para roubar minha carne mais uma vez.

.jpg)
.jpeg)
Comentários
Postar um comentário